Boaventura de Sousa Santos em Tlaxcala: Justiça, conhecimento e horizontes do Sul

Em 23 de maio de 2025, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, uma das vozes mais influentes do pensamento crítico contemporâneo, fez uma visita profundamente significativa ao estado de Tlaxcala, no México. Sua passagem por esse enclave deixou marcas não apenas nos campos acadêmico e jurídico, mas também na educação e no diálogo latino-americano pela justiça epistêmica.

Congresso Mundial de Direito: Justiça Além da Lei

O principal motivo de sua visita foi sua participação no Congresso Mundial de Direito, que reuniu mais de 1.500 pessoas, a maioria estudantes. Neste espaço, Boaventura proferiu uma palestra que abordou temas como pluralismo jurídico, justiça cognitiva e a necessidade de repensar o direito a partir das epistemologias do Sul. Sua intervenção desafiou diretamente o público: O que significa aplicar justiça em contextos marcados pela desigualdade, violência estrutural e negação histórica do conhecimento indígena e popular?

Encontro com autoridades educacionais: O Sul na Escola do Novo México

Além disso, Boaventura manteve uma reunião com o Secretário de Educação do Estado de Tlaxcala e sua equipe na sede da Secretaria Estadual de Educação Pública, especificamente na Sala Lucio Cabañas Barrientos, um espaço que evoca as lutas sociais e educacionais do México profundo. Durante este encontro, foi discutido o papel das epistemologias do Sul como eixo filosófico e político do projeto da Nova Escola Mexicana, promovido pelo governo federal. Boaventura enfatizou que a transformação educacional autêntica exige reconhecer e valorizar o conhecimento comunitário, desmantelar a lógica colonial do conhecimento e construir novas pedagogias de esperança de baixo para cima.

Diálogo com acadêmicos latino-americanos

O dia foi encerrado com um encontro com professores de diversas universidades latino-americanas, em um clima fraterno de compartilhamento de experiências, reflexões e estratégias compartilhadas. Este encontro reafirmou o espírito internacionalista do pensamento de Boaventura e seu compromisso com uma universidade mais aberta, popular, descolonizada e comprometida com os movimentos sociais.